Que marca, que legado, quer deixar no mundo?

O que fazemos durante toda a nossa vida não termina em nós, e continua para sempre tal qual uma lança que nunca conclui em definitivo a sua trajetória.

 
Por mais que pensemos ou nos levem a pensar que a morte é o fim, a verdade é que as coisas simplesmente não acabam por aí. Há a memória, a herança, o legado, a imagem que fica em cada uma das pessoas que tiveram contacto connosco, o selo da nossa intervenção em cada experiência que vivemos. Há, efetivamente, uma espécie de imortalidade em cada um de nós.
 
Se tudo acabasse de vez após o nosso último suspiro, seria o mesmo que reduzir a nossa existência ao mínimo. Perduramos no tempo e na vida dos que nos estiveram próximos. Talvez a maior dificuldade não seja controlar a nossa vida enquanto estamos vivos, mas as consequências da forma como vivemos a nossa vida após a nossa morte.
 
Legado, uma simples palavra que traz em si a força da intemporalidade e o peso da responsabilidade. Já pensou que legado deixará aos seus filhos? Dinheiro? Património imobiliário? Tudo resume-se ao exemplo de vida. À sua história pessoal. À forma como encarou a vida. O legado é pois a sua marca no mundo. No mundo de todos.
 

Em tom de brincadeira com amigos costumo dizer que gosto do que alguns mortos me dizem. Não, não são cenas esotéricas. Os mortos de que falo são autores que já partiram há muito, mas que, através dos seus livros, me é permitido entender a sua perspetiva e a sua mensagem. Quantos livros lê de autores que já não estão connosco? E por que razão ainda lemos os seus livros? Por que razão o seu legado continua tal qual uma lança que não cessa a sua trajetória?

Escrever um livro dá à sua vida o sentido da imortalidade

 

Se há algo de fabuloso em escrever um livro é mesmo a questão da imortalidade. Por vezes penso que uma das formas mais marcantes de os meus filhos manterem o contacto comigo após a minha morte será através dos meus livros. Pois contém a minha energia, a minha forma de pensar, de amar, de ser. Será como me pudessem continuar a abraçar mesmo já não estando presente fisicamente. E isto é um puro ato de amor.

 
Lembro-me de encontrar, sem estar à espera, um caderno em que o meu pai registou alguns pensamentos. Independentemente da informação lá contida, tive a oportunidade de saber mais acerca dele e de o sentir novamente como que estivesse presente.
 
Quando escrevemos um livro cravamos uma marca no mundo. Uma marca que contém a nossa identidade, os nossos valores e tudo aquilo que fomos capazes de construir. É incrível podermos estar sempre a contribuir mesmo após a nossa morte.
 

O mundo pode continuar a mudar com o seu contributo

 
Se Anne Frank não tivesse escrito o seu relato, enquanto estava escondida dos nazis, jamais teríamos acesso a uma das obras mais lidas e importantes de sempre, “O Diário de Anne Frank”. Um livro que continua a mudar perspetivas e a cumprir o seu propósito. Um livro que tornou Anne Frank imortal.
 
Quer seja a sua história de vida, quer seja a sua intervenção numa área profissional, escrever o seu próprio livro nunca foi tão crucial. É da sua responsabilidade deixar a sua marca no mundo de forma clara e inequívoca.
 
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