Aprender a ler sempre foi um dos maiores marcos na nossa história pessoal. Arrisco-me a dizer que há o antes e o depois de sabermos ler. Mas será que este facto é suficiente para o que iremos enfrentar durante toda a nossa vida? Ensinaram-nos tudo o que havia para ensinar?

Na verdade, dizem-nos como podemos ser bons com a leitura, mas não nos dizem como podemos ser excelentes através da leitura.

Na escola aprendemos que a leitura é capital quer ao nosso desenvolvimento pessoal, quer em questões mais factuais com as quais teremos de lidar vida fora. Aprendemos a interpretar textos e a jogar o jogo da sintaxe e da semântica. Juram-nos a pé juntos que quem mais lê está mais apto para a vida. Que a leitura dota as pessoas de superpoderes aplicáveis a qualquer contexto.

Tudo isto só corresponde a uma parte da verdade, pois não chega saber ler e interpretar. Isso é só parte de uma equação maior.

Há vários métodos de aprender a ler mas todos nós, embora diferentes uns dos outros, aprendemos a ler da mesma maneira. Usando as mesmas estratégias, o mesmo ambiente de leitura, as mesmas regras, a mesma perspetiva linguística. Tudo para atingir os mesmos resultados que toda a gente.

Como pode isto predestinar a forma como desenvolvemos as nossas atividades profissionais e pessoais?

A forma como aprendes determina o tipo de resultados que tens. Se o estilo de aprendizagem que utilizas não é o mais indicado para ti terás resultados medíocres. Se, pelo contrário, o modo como aprendes é o mais adequado à forma como o teu cérebro gere a informação, tens mais probabilidade em ter sucesso com o que aprendes. Há uma causa efeito imediata em qualquer sistema interno de aprendizagem.

Somos seres dotados da capacidade de aprender. Isso é magnífico quando não nos deixamos “engolir” pelo politicamente correto.

Tudo o que há em nós está em nós devido a um processo de aprendizagem, mesmo que acionado de forma inconsciente. Certamente já te deparaste em situações em que demonstraste um nível de conhecimento superior ao que julgavas ter. Este é apenas um dos exemplos e que demonstra o quanto um sistema interno de aprendizagem está implementado em ti, tal qual um software num computador.

Aprender a ler e saber aplicar o que se lê depende diretamente do teu estilo de aprendizagem. É necessário uma dialética entre ambos. Já te aconteceu montar um puzzle em que há peças que parecem pertencer a determinado sítio, mas que, quando as tentas encaixar, não dão? Podes até encaixá-las à força, contudo a imagem que vês nunca corresponderá à verdade.

Com a aprendizagem é exatamente a mesma coisa. Podes tentar aprender algo fora do teu estilo de aprendizagem e até atingir algum resultado. Contudo, passarás por um processo de resistência, de dor e o que poderias, verdadeiramente, obter não será de todo alcançado.

Leitura, processo pelo qual recebemos e interpretamos símbolos de forma a termos uma imagem mental de algo para que o possamos integrar e aplicar de acordo com um contexto.

A leitura está intimamente conectada à aprendizagem. Tudo o que uma boa leitura te pode dar depende intuitivamente do modo como aprendes melhor. Se não sabes qual o teu estilo de aprendizagem vais demorar mais tempo (e ganhar alguns cabelos brancos também) a perceber a mensagem e, consequentemente, a fazer qualquer coisa com ela.

Não consigo conceber a leitura sem uma aplicação prática. Não há leituras que caiam no vazio. Todas contam. Umas dão-te resultados positivos, outras negativos, e ainda outras fornecem-te um sentimento de neutralidade (o que não deixa de ser um resultado). Procurar na leitura o desenvolvimento de uma competência ou mesmo uma cura é estar consciente de todos estes fatores.

Quando aprendemos a ler na escola um conjunto de crenças é-nos incutido e que, de alguma maneira, perdurará no tempo até que despertes. Estas crenças não só irão restringir a tua capacidade em rentabilizar as leituras que fazes como limitarão todo o teu processo de aprendizagem.

Que crenças são essas?

Apresento-te as cinco que mais te estão a separar do teu sucesso enquanto leitor.

  1. Ler devagar ajuda a perceber melhor o texto
  2. Voltar atrás na leitura é importante para que nada passe despercebido
  3. Soletrar (e subvocalizar) o que se lê ajuda a não perder o fio da meada
  4. Usar um apontador visual para ler é sinónimo de dificuldades na leitura
  5. Ler é algo que exige sempre um ambiente calmo e sem distrações

Uma coisa é quando estamos a aprender a ler, outra é quando já possuímos esta habilidade. Enquanto na primeira ainda estamos a perceber o que é e como o motor funciona, na segunda já podemos utilizar o motor em toda a sua plenitude. A diferença é tão grande que a maioria das pessoas não se apercebe do quanto esta tomada de consciência pode mudar a sua vida de um momento para outro.

Na escola aprendemos efetivamente a ler. Contudo, na escola não nos ensinam a potenciar a leitura a outro nível. A centrar a leitura não no seu suporte vinculativo, mas no leitor enquanto pessoa que almeja um crescimento pessoal capaz de satisfazer os seus maiores sonhos. No centro da leitura está a pessoa e não o livro.

A leitura funciona como elo de ligação entre pessoas e metas. Por que motivo não investir em algo que tem a capacidade de criar pontes sustentáveis como a leitura?

Questões como a leitura rápida, os estilos de aprendizagem ou mesmo o facto de como aplicar uma leitura a um contexto, sem ser para fins pedagógicos, tornam-se quase tabus para o sistema educativo em que estamos incluídos.

Atualmente falar em leitura rápida na escola é como estar a perverter todo o sistema. É, portanto, normal que não nos ensinem técnicas que nos permitam atingir mais em menos tempo. No âmbito da fórmula educacional vigente não há outras maneiras de se atingir o sucesso. Como podemos então ter respostas diferentes se continuamos a agir da mesma maneira?

Quais os segredos da leitura rápida que não nos ensinam na escola?

Existem muitas coisas que não nos ensinam sobre leitura na escola, na faculdade ou mesmo ns nossos locais de trabalho. Contudo, vou só apresentar-te as cinco mais colossais. Aquelas que, por serem tão importantes, podem a partir de agora começar a fazer toda a diferença na forma como lês.

  1. Sabe qual o teu estilo de aprendizagem

Todos nós aprendemos de forma diferente. A forma como o cérebro manipula a informação é diferente de pessoa para pessoa. Segundo o modelo VARK há quatro estilos de aprendizagem que especificam como cada um de nós está mais habilitado a aprender. Auricular, em que a capacidade auditiva está mais em evidência; visual, estilo daqueles em que a predominância da imagem é necessária para uma boa apreensão da informação; cinestésico, em que a aprendizagem é melhor processada utilizando o movimento do corpo; leitura/escrita, característica das pessoas que necessitam de ler e escrever (como tirar notas) para que o sucesso na aprendizagem seja efetivo.

Sabe qual o teu estilo de aprendizagem e saberás como rentabilizar ao máximo toda a informação que processas.

  1. Dá um propósito à tua leitura

Ler sem um objetivo é como leres sem rumo. Cria objetivos claros que sustentem o teu investimento na leitura. O teu tempo é demasiado precioso para te dares ao luxo de leres qualquer coisa só porque sim. Tenho um lema quanto a isto: nem todos os livros merecem estar na tua estante.

  1. Cria o teu ambiente de leitura ideal

O teu ambiente de leitura ideal é aquele em consegues tirar mais proveito das tuas leituras. Pode ser num café com ruído, na tua sala de estar em silêncio, numa biblioteca, num parque. Há imensos ambientes e estou certo que, se fizeres um pequeno exercício, saberás identificar que ambiente é capaz de promover o teu potencial mais elevado.

  1. Não subvocalizes enquanto lês

Subvocalizar o que lês é como estares a dizer ao teu cérebro o que ele já sabe. Imagina que estão duas pessoas a dizerem-te exatamente o mesmo. Ficas confuso, não é? O mesmo se passa com o teu cérebro. Só em alguns casos é que a subvocalização pode fazer sentido. Contudo, tenta não o fazer. Subvocalizar é realmente uma perda de tempo e um hábito que muitos de nós adquiriram quando aprendemos a ler.

  1. Foca-te no mais importante

Sempre nos ensinaram que devemos ler um livro do princípio ao fim. Não há crença mais limitadora como esta. Deves ler o que tens de ler de momento. O mais importante que quero que saibas é que tens o poder de escolha. Tu és o leitor e se sabes o que procuras foca a tua leitura no conteúdo que, verdadeiramente, pode responder a esse desígnio. Não vás por longos caminhos só por de te terem dito, algures atrás no tempo, que um livro deve ser lido da primeira à última página sequencialmente.

Aconselho-te a fazer duas coisas quando começas a ler um livro com um propósito: realiza a primeira abordagem pelo índice e repara se algum dos capítulos te chama a atenção. Se sim, avança para esse. Depois folheia o livro livremente. Se fixares alguma seção em particular lê o que te chamou a atenção.

Estes cinco segredos vão, numa primeira instância, quebrar muitos dos hábitos que trazes ao longo da tua vida de leitor. A ideia é mesmo essa. Que comeces a quebrar as crenças que te impedem de ser um leitor de alta performance. Depois, e o mais importante, uma nova visão da leitura começará a nascer. Uma visão sem filtros e sem preconceitos. Uma visão que te permitirá utilizar a leitura como um verdadeiro impulso para a tua vida.

Agora, sugiro-te que vás à tua estante buscar aquele livro que sabes que é muito importante para ti e começa a ler. Simplesmente lê.

Boas Leituras!!