Ernest Hemingway foi um escritor norte-americano vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1954. Autor das mais notáveis obras de literatura de ficção como “O velho e o mar”, “Por quem os sinos dobram”, “O adeus às armas” e “As verdes colinas de África”, entre outras, Hemingway destacou-se pela audácia na escrita e por uma incrível capacidade em transmitir imagens, sentimentos e um “tipo” de humanismo rebelde que nos incita a retirar de nós mesmos forças que jamais julgávamos existir. (Se já leste “O Velho e o Mar” saberás do que falo)

Embora os seus livros tenham tido um grande impacto na minha vida, nomeadamente no meu trabalho enquanto biblioterapeuta e reading coach, Hemingway ensinou-me três grandes estratégias que permitiram aumentar a minha capacidade de foco e o meu nível de produtividade. Principalmente porque me deu a facilidade em atingir mais metas em menos tempo e com menos esforço.

Estas três estratégias correspondem a um elevado padrão de sucesso que, tal como o relevo de Hemingway no panorama da literatura do século XX, irá mudar a forma como rentabilizas o teu tempo de trabalho e os resultados que podes obter ao implementar estas simples missivas.

Não me vou alongar mais no discurso para te possa apresentar as três estratégias de platina de Hemingway.

1.Quando Hemingway escrevia desligava-se de tudo o resto

Aos primeiros raios da manhã quando se preparava para escrever, Hemingway garantia que não era incomodado mantendo visitas e telefone longe. Tornando-se inacessível a todo o mundo exterior, e plenamente acessível a si mesmo e ao seu processo criativo, garantia que o tempo que dedicaria à escrita jamais seria perturbado.

2. Hemingway focava-se numa ideia de cada vez

Hemingway utilizava um writing board onde escrevia as ideias-chave a aprofundar. A exploração dessas mesmas ideias era feita a lápis numa folha de papel. Só quando tudo começava a fluir é que passava para a máquina de escrever. Após este processo apagava o que estava no quadro e recomeçava.

Isto não é incrível? Dar um passo só quando o antecedente está devidamente explorado e concretizado? Demasiado simples para um prémio Nobel ou extremamente eficiente para qualquer um que deseje ser bem sucedido no que faz?

A maioria de nós tem a “fabulosa” habilidade de misturar e fazer tudo ao mesmo tempo. Somos uma espécie de super-heróis do multitasking.

Hemingway sabia o quanto isso poderia colocar em causa a sua escrita e o resultado final da sua obra. Então, ao utilizar um quadro (sim, um simples quadro) para se focar no essencial abria as portas ao sucesso da sua escrita.

Como Gary Keller, autor do livro “A Única Coisa”, sugere que questionemos a nós próprios: “qual a única coisa que podes fazer para que todas as outras percam prioridade ou deixem de fazer sentido?”. Hemingway sabia bem responder a esta pergunta e especificar qual a sua única coisa.

3. Hemingway tinha uma zona de trabalho exclusiva que mudava de acordo com o tipo de trabalho que desenvolvia

A zona de trabalho exclusiva de Hemingway era, sem sombra de dúvida, um género de retiro onde desenvolvia a suas histórias. Embora numa entrevista tenha referido que tinha a capacidade de escrever em qualquer local e em diferentes circunstâncias, só o conseguia fazer longe dos telefones e das visitas. Ou seja, na sua zona exclusiva de trabalho Hemingway só fazia uma coisa: escrevia. Quando se dedicava a outra tarefa realizava-a noutro contexto.

A título de curiosidade, e para veres o quanto é fundamental a zona exclusiva de trabalho (ambiente externo) corresponder ao teu ambiente interno de produção, Hemingway escrevia de pé numa estante de livros.

Como podem estas três estratégias funcionar contigo?

Estou certo que à medida que ias lendo estas três estratégias ias equacionando a tua forma de trabalhar. É normal que assim seja. Foi o que aconteceu comigo. A verdade é que estas três simples estratégias foram também responsáveis pela satisfação das minhas metas pessoais e profissionais.

Foco e produtividade estão intimamente ligados. A ausência de um é sinónimo de fracasso.

A maioria de nós tem receio em manter-se indisponível para os outros. Mesmo que todos os que amamos ou com quem trabalhamos estejam distantes, mantemos sempre o canal aberto através da internet, do smartphone e de outros dispositivos.

Se queres resultados tens de saber quando fechar as pontes de comunicação como Ernest Hemingway.

Tornar uma ideia invencível em algo efectivo, o sonho de qualquer pessoa! O nascimento de uma ideia tem um timing certo, tal como o seu desenvolvimento. O modo como trabalhamos uma ideia equipara-se ao modo como memorizamos informação. Se durante os primeiros momentos não a registas de certo que não te lembrarás. E quanto mais demorares a desenvolvê-la mais esta perde força.

As ideias vêm e vão tão rápido que só a tua capacidade em retê-las e transmutá-las em algo real é que tornará uma simples ideia numa ideia vencedora.

Há várias teorias que “contabilizam” o número médio de pensamentos que temos por dia. O valor ronda entre os 50.000 e os 70.000 pensamentos por dia. UAU! Desses bons milhares de pensamentos alguns são ideias.

A verdadeira questão para uma boa gestão das ideias

Como podes então desenvolver uma ideia a tal ponto que esta se transforma na resolução de um problema, num serviço, num produto, ou numa decisão?

Direccionando a tua atenção para as ideias principais e explorando uma de cada vez. Podes não utilizar um quadro, mas sugiro-te que utilizes um recurso que te permita registar e explorar a ideia a tal ponto que ela se torna imprescindível, coesa e com sentido tão elevado que todas as outras ideias percam significado.

Os locais de trabalho são assim tão fixos?

Não acredito que num só contexto consigas desenvolver todo o teu trabalho. É demasiado redutor pensar que a qualidade depende de quatro paredes, uma secretária e um computador. As tarefas que desempenhamos diariamente são díspares e requerem níveis de concentração diferentes. E níveis de concentração diferentes exigem ambientes diferentes.

Embora cada um de nós tenha diferentes estilos de aprendizagem, o que se reflecte na maneira como realizamos algo, se estás a desenvolver um trabalho criativo certamente necessitarás de um ambiente que te promova a criatividade, certo? Da mesma forma se estás a executar algo mais analítico irás necessitar de um ambiente em que não te distraias tão facilmente.

Acredito que o nível de produtividade depende directamente do contexto interno e externo em que se produz. Para isso é fundamental que conheças o teu cérebro a tal ponto que já sabes como e quando este se torna mais rentável.

Estas três estratégias são fáceis de aplicar. Na verdade, dificilmente irás encontrar estratégias tão simples e com grande impacto como estas.

Desafio-te a partir de hoje a investir nestas três estratégias. Quem sabes se serás o próximo Nobel da tua empresa? Melhor, da tua vida?