Certamente que, na sua infância, ouviu a expressão “tens de decorar a lição”. E quanto mais lhe diziam isso, mais dificuldade sentia em lidar com o que aprendia. Memorizar e decorar têm entre si uma grande diferença. Memorizar facilita a lembrança e a integração da aprendizagem, enquanto decorar torna bem mais difícil aprender e integrar o quer que seja.

Comecemos pelo decorar. Este processo apenas ativa a nossa memória de curto prazo, daí a repetição ser um dos procedimentos mais utilizados para desenvolvermos esta questão. Porém, se apenas repetir só por repetir investirá muito tempo para parcos resultados. Decorar faz com que o nosso cérebro entre em modo de resistência perdendo o sentido da informação. E informação sem sentido é, facilmente, descartada, dado que o carácter de associação, indispensável à memorização de informação, é diminuto.

Estudos comprovam que o processo de decorar aumenta os níveis de ansiedade, o que dificulta em muito a aprendizagem. Lembra-me de ver na altura dos exames, quando trabalhava numa biblioteca, os estudantes ansiosos não só pelo stresse que esta fase implicava, mas pelo facto de tentarem decorar “rios” de matéria de forma descontrolada. Normalmente os resultados eram fracos e quando eram satisfatórios só o eram com elevado esforço.

O ato de memorizar implica associação e é esta que facilita a criação de uma experiência com a informação a que temos acesso. Será esta experiência que funcionará como estímulo à lembrança. Ou seja, na utilização da informação quando mais se precisa.

Memorizar é registar uma impressão em nós de algo que recebemos através da informação. Quando isto acontece a informação fica bem arrumada porque há associação, sentido e linearidade.

3 formas para memorizar informação

1) Através do raciocínio
2) Através da repetição
3) Através de ações e associações improváveis.

1) Através do raciocínio estamos a dar sentido à informação e a associar informação entre si (a que recebemos de novo com a que já possuímos). Neste caso, o nível de compreensão também aumenta, dado que o simples processo de ligar informação entre si já permite consolidar e entender mais amplamente a informação. Se, por exemplo, associar uma fórmula de física a algo do senso comum, onde esta fórmula funciona, está “a ver (integrar) a fórmula em ação. Isto é, experiencia a informação.

2) O ato de repetir só é vantajoso quando o faz já tendo a compreensão. Não repete só por repetir, mas repete com fundamento em algo que já registou as tais impressões.

3) As ações e as associações improváveis têm que ver com o facto de, por exemplo, quando presencia algo que para si é improvável. Se presenciar, por exemplo, um porco a andar de bicicleta não irá se esquecer. Tudo o que nos aparece como aparentemente impossível fica mais facilmente registado.

Todos estes modos de potenciar a memória têm em si algo em comum: o sentido e a experiência.

 

O rendimento que temos no que fazemos depende diretamente da nossa capacidade de memorização e da nossa capacidade de lembrança. Ambos estão presentes em tudo o que fazemos.

Desenvolver as nossas faculdades cognitivas não é apenas para sermos mais eficazes a aprender, mas também, e essencialmente, para melhorarmos a nossa qualidade de vida.

 

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