Todos nós já passámos por provas de superação que julgávamos, numa primeira análise e por impulso, difíceis ou mesmo impossíveis de ultrapassar. Perdas por morte, objectivos não atingidos, decepções, o fim do primeiro grande amor, uma doença, dívidas, etc. etc. etc.
Sempre tivemos situações limite em nossas vidas. Momentos que exigiram de nós tudo: o máximo e o mínimo; o topo e a base; a força e a fraqueza; o choro e o riso.
Alguma dessas situações foram ultrapassadas da forma que menos esperávamos. Parece que a dada altura ganhamos super-poderes e que a melhor decisão aparece vinda sabe-se lá donde. Mas será que não sabemos mesmo donde vem essa decisão?
O que somos num determinado momento resume toda a nossa vida até esse momento. As nossas escolhas, os nossos feitos, as nossas derrotas, a nossa maneira de resolver problemas, o estado do nosso corpo, as nossas acções. Automaticamente a nossa mente vai sendo ocupada por algoritmos de crescimento.
Pois bem! Há obstáculos. Há oportunidades! Mas como reparar e usufruir de uma oportunidade? Como atingir aquele ponto em que sabemos o que é verdadeiramente melhor para nós? Como sabemos, sequer, que é para nós?
Das maiores dificuldades que temos, pelo menos é esta a mensagem que me fazem chegar, é saber qual é o momento certo para entrar em acção e aproveitar a “deixa”.
Uma boa decisão só acontece quando há uma estrutura, uma base sólida de evolução. A isto, podemos chamar de formação.
A formação é tudo o que nos compõe por dentro e por fora. Se fizermos o exercício de pensar no que nos constitui, chegaremos à conclusão de que a construção do nosso eu é um somatório da forma como nos cultivamos a nós próprios durante toda a nossa existência. E talvez o maior obstáculo que enfrentamos é aquele em que temos de nos saber ler (ou interpretar) a nós mesmos de modo a escolhermos o melhor.
Um dia normal é aquele em que “não há grandes ondas” nem grandes situações por resolver. Tudo corre como previsto. A vida é o que se espera dela…
Mas quando os obstáculos aparecem os dias transformam-se em semanas, meses ou mesmo anos. A nossa vida pára e tudo se resume a um problema por resolver. A um combate. Saímos de nós próprios para viver a intensidade de um problema. Nós transformamo-nos nesse dilema e tudo à nossa volta cai.
A verdadeira formação prepara-nos quer para o impacto da queda, quer para a ascensão da vitória.
A leitura tem um papel fundamental na formação da pessoa na medida em que é inseparável do comportamento e do espírito humanos. Ler faz parte da nossa natureza. Mesmo sem sabermos ordenar símbolos e dar-lhes um sentido, já líamos o mundo a partir de dentro.
Até que ponto a leitura transforma obstáculos em oportunidades?
Ler causa transformação, pois o acto de ler potencia a capacidade de romper com as crenças e os comportamentos que nos limitam. Quando alguém lê, deixa-se afectar por isso. Mesmo que resista, há sempre algo que fica.
Ao que fica dá-se o nome de conhecimento. À aplicação desse conhecimento a uma situação prática da vida denomina-se de prática. O impacto é a mudança que ocorre na pessoa como resultado dessa aplicação. É este tipo de impacto que está na origem de novas formas de cultura (evolução).
Há então dois processos: o que implica a leitura que fazemos
de nós mesmos; e o da leitura que procuramos fora para valorizar e rasgar o que está dentro de nós. Quanto mais intensa e inteligente for esta relação, mais preparados estaremos para transformar uma parede numa rampa de lançamento.
A mudança é sempre feita de dentro para fora. Mas é no equilíbrio de leituras que encontramos o momento certo para agir e transpor obstáculos.