Para que se lembrem do que fomos capazes de fazer! Sempre!
A saudade vive entre a memória e o silêncio que temos de alguém, de uma situação ou de uma coisa. Por isso, acredito eu, é que tememos tanto a perda. E olhar para um banco vazio pode levar-nos para um universo de ausência, fazendo-nos refletir, inevitavelmente, sobre a permanência do mundo em nós. A saudade pode custar, mas o machado do esquecimento pendendo sobre a nossa memória dói muito mais.
De que é feita a saudade a não ser das memórias que guardamos e que exploramos durante a nossa vida?
Jamais um banco estará sempre vazio ou sempre preenchido por alguém. As pessoas sentam-se e levantam-se, não se apercebendo que deixam a sua marca, os seus jeitos, os seus pensamentos, as suas emoções, bem cravados nesse banco. E aí permanecem, mesmo que a morte ou o tempo as leve para outro local.
Podemos pensar que o esquecimento não nos atormenta, mas, na verdade, gostamos que se lembrem de nós. Não lidamos bem com a rejeição ou com o facto de nos ignorarem. Sentimos, embora muitas vezes não de forma consciente, que pertencemos a algum sítio, a um grupo.
Por outro lado, queremos ter influência positiva nos outros. Precisamos do sentido de missão, de que não estamos neste mundo só porque sim. Queremos, em última instância, ter uma voz ativa na sociedade.
Para que se lembrem do que fomos capazes de fazer, sempre
Quem somos nós sem memória? Creio que muito pouco.
Sem memória, a vida é demasiado frouxa ou até inexistente. Podemos existir sem viver, e isto é algo em que devemos pensar com seriedade.
De que vale amarmos alguém quando não temos a capacidade de recordar o que sentimos quando amamos?
Criar e registar memórias para que sejamos lembrados, acarinhados, vistos como fonte de inspiração, é uma das formas mais bonitas de sentir e dizer «eu ajudei o mundo a ser um lugar melhor.»
A escrita ajuda-nos a descrever a capacidade que tivemos de viver a vida que vivemos. E isso é uma bênção para nós e para os outros
Quando olhamos para uma foto ou um quadro, vemos o momento. Quando lemos, temos acesso ao que levou a esse momento. A escrita revela o processo.
Também por isto é que a escrita nos ajuda a «resolver» a saudade, o desamparo, como as boas memórias que deixámos.
Por isso, escreva. Coloque por palavras as suas memórias, as suas experiências, os seus dilemas, as suas conquistas. Permita que a sua história influencie muitas outras.
E quando, um dia, alguém que contactou consigo olhar para um banco em que esteve sentado, não terá a sensação de vazio, mas de amor incondicional, de inspiração, de presença. Porque, apesar de já poder ter partido, você continuará lá sentado… sempre.
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