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Nada estraga mais um texto — ou até um livro inteiro — do que a ausência de humildade por parte do seu autor. Quando a escrita se transforma num palco onde o ego se exibe, e não numa ponte que conecta intenções e pessoas, o texto perde a sua nobre função. Escrever apenas para pavonear o quanto se vale, para mostrar domínio técnico ou brilhar com palavras difíceis, é um erro de propósito, é promíscuo, e um claro sintoma de “egovirite” — esse vírus silencioso que transforma a escrita numa montra de vaidades e o leitor numa plateia involuntária.

Escrever não é um ato de exibição, mas de escuta. O verdadeiro autor não escreve para ser admirado — escreve para ser útil, para partilhar algo que possa acrescentar valor ao mundo de quem lê. Isso exige recuo, consciência e, principalmente, humildade. A humildade de reconhecer que o leitor não está ali para nos venerar, mas para ser tocado por algo maior do que nós: a mensagem.

Um texto deve ser servido com gentileza e humildade aos seus leitores. Como se oferece uma bebida quente num dia frio ou como se pousa uma carta nas mãos de alguém que precisa de uma palavra certa no momento exato. Ele deve ser preparado com cuidado, trabalhado com dedicação, acariciado, sem que, por isso, perca a força da sua essência. Gentileza não é suavidade vazia, mas força. Um texto gentil não é de todo um texto fraco.

Há quem confunda escrita forte com escrita arrogante, como se fosse preciso dominar o leitor. Mas a verdade é outra: a escrita que transforma raramente se impõe — ela convida, dá possibilidades, estende a mão e diz: “Vem, quero mostrar-te uma ideia, um mundo, uma forma de ver.”

A boa escrita é, portanto, um exercício de desapego. De silenciar o ego para que as palavras falem por si. De não usar a linguagem como escudo, mas como janela. Porque quanto mais o autor se esforça por sobressair, mais ofusca aquilo que realmente importa: a experiência do leitor, a clareza da mensagem, a verdade do conteúdo.

Escrever é, no fundo, um ato de serviço e de entrega. De estar ao serviço da ideia, da narrativa, da emoção que se deseja comunicar e, acima de tudo, das pessoas. É por isso que os grandes textos não são aqueles que impressionam, mas os que permanecem. Não são os que gritam, mas os que ecoam. Não são os que exibem o autor, mas os que revelam algo no leitor.

Escrever para inflar o próprio nome é fácil. Difícil é escrever garantindo que a mensagem ocupa o lugar principal e ainda assim ser lembrado, principalmente pelo bem que fez. E esta é a verdadeira arte da escrita.

 

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