Há padrões negativos que se repetem silenciosamente na nossa vida. Relações que acabam do mesmo modo, decisões que nos conduzem a infindáveis becos sem saída, emoções que regressam antes de termos tempo de as entender. Chamamos-lhes coincidências, destino ou azar, mas, muitas vezes, são apenas roteiros antigos à espera de uma nova leitura.
A escrita da tua história de vida é uma das formas mais poderosas de os reconhecer e de aprender a viver melhor com tais padrões. Quando escreves, sais do automatismo. Passas de dentro da cena para fora dela. Ganhas perspectiva. As palavras tornam-se um espelho que devolve sentido ao que antes parecia repetição.
Escrever facilita-te olhar com atenção para: onde é que o padrão começa? O que o desperta? Que emoção o alimenta? E, sobretudo, o que estás a tentar proteger sempre que ele aparece?
Na base de cada repetição há (arrisco a dizer, sempre) uma necessidade não reconhecida: amor, segurança, pertença, liberdade, reconhecimento. Quando a percebes, o padrão deixa de mandar em ti.
Ao escreveres, passas de personagem a autora – ou autor – da tua narrativa. A escrita ajuda-te a transformar a consciência de um padrão que se repete numa escolha consciente.
Viver melhor com os teus padrões não é apagá-los, é compreendê-los e saber reconhecê-los quando regressam para que, dessa vez, escolhas de forma diferente. Assim, a escrita permite-te reconfigurar o enredo, não para mudar o passado, mas para habitar o presente com mais lucidez e serenidade.
Pensa na escrita como um diálogo entre quem foste e quem estás a tornar-te. Entre o “eu” que reagia e o “eu” que agora observa. Esse diálogo é, em si, uma forma de liberdade.
Partilho contigo uma das técnicas que podes utilizar para passares da repetição para a escolha:
1. Escolhe um padrão que reconheces em ti: algo que se repete nas tuas relações, escolhas ou reações.
2. Escreve três momentos da tua vida em que esse padrão apareceu.
3. Em cada um, responde: “O que senti? O que temi? O que precisava?”
4. Depois, acrescenta uma frase final: “Hoje, reconheço este padrão e posso escolher diferente.”
Não procures escrever bem. Procura escrever com honestidade. É assim que começas a viver melhor com aquilo que te acompanha há muito tempo. Quebra o feitiço.
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