Vivemos como se o tempo fosse um rio sem fim. Mas cedo ou tarde, todos somos lembrados da verdade que preferimos adiar: somos finitos. Cada respiração é um sopro a menos, cada dia vivido é um passo em direcção ao último. A finitude não é um castigo — é a moldura que dá sentido à vida. É o que torna os gestos urgentes, os afetos valiosos e a memória… sagrada.
É aqui que entra a escrita. A palavra escrita é um ato de resistência contra o esquecimento. É o que nos permite existir para além do tempo do corpo. Quando tudo silencia, a voz se cala e o rosto se apaga, o que escrevemos permanece. A escrita é o vestígio mais íntimo que a alma pode deixar ao mundo.
Escrever é enfrentar a finitude com coragem. É fixar no papel um pedaço do que somos, do que sentimos, do que amámos e perdemos. É dizer ao mundo: “eu estive aqui”. Mesmo que o corpo desapareça, a palavra permanece — como uma luz ténue num corredor de sombras.
Num mundo que gira cada vez mais depressa, onde tudo é efémero, escrever é um ato de amor e de permanência. Não importa se o texto é lido por muitos ou por ninguém. O simples facto de escrever já é, por si só, uma forma de eternidade.
A finitude é certa. Mas a escrita… a escrita pode ser eterna.
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