“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara” – José Saramago

Passamos a maior parte da nossa vida a olhar sem ver. A pender uma espécie de olhar para as coisas, como que já soubéssemos o que são e para que servem. Da mesma forma olhamos para as nossas emoções sem as sentirmos verdadeiramente. Sentir de verdade é reparar nas nossas emoções e… vivê-las.

Por mais que a vida nos pareça complexa ou mesmo demasiadamente óbvia, há momentos que nos escapam como água pelas mãos. Em determinados momentos somos heróis, noutros apenas crianças vulneráveis que ambicionam um abraço. Por mais curtos ou longos que sejam os anos da nossa existência, receber e dar amor é dos desejos mais ardentes que procuramos concretizar.

Mas o que acontece quando não nos amamos? Quando não sentimos nem a mais pequena sensação do que isso é? Como podemos dar e receber amor sem nos conhecermos a nós próprios?

Quando coloco a minha atenção nas estrelas, sei que muitas delas já morreram. Sei que o nascimento e morte de uma estrela é algo que me escapa totalmente. Posso aprender como o processo acontece, mas é algo que não posso, efetivamente, experienciar. Contudo, continuo a admirar as estrelas. Como que no momento em que reparo no seu brilho seja eterno, nem que seja por breves minutos.

Nenhuma estrela me deu amor, mas sinto o seu amor. Nenhuma estrela me indicou o caminho para casa, mas a primeira coisa que faço quando saio à noite é observá-las. Nenhuma estrela me ouviu, mas falo para elas quando necessito de desabafar.

Por vezes pergunto-me se isto é amor. E é aqui que olho para dentro. Para bem fundo de mim mesmo na esperança de ouvir um sim.

Quando amo as estrelas, amo-me a mim próprio.
Quando escuto as estrelas, escuto-me a mim próprio.
Quando falo com as estrelas, falo comigo próprio.
Quando choro com as estrelas, choro acompanhado de mim próprio.

Não sei se isto é amor. Mas para mim é uma certeza: que consigo sentir um profundo amor-próprio apenas reparando no que tenho dentro.

Sei que, tal como eu, já deves ter passado por crises de amor-próprio. Aquelas situações em que nada em ti te chama a atenção, mesmo que embebida de grande beleza. Aqueles momentos em que tudo se parece feio e imerso numa dormência atroz.

O ato de reparar no nosso íntimo é uma arte. Uma arte que exige atenção, compromisso e entrega. Uma arte que desenvolve o autoconhecimento ao mais alto nível.

Ao reparares em ti com delicadeza estás a amar-te
Ao repares em ti com compaixão estás a amar-te
Ao reparares em ti com satisfação estás a amar-te
Ao reparares em ti com objetivos estás a amar-te
Ao reparares em ti com liberdade estás a amar-te
Ao reparares em ti através das tuas emoções estás a amar-te
Ao reparares em ti através das estrelas estás a amar-te

Sei que por vezes é tão desafiante repararmos em nós próprios, que preferimos cerrar o nosso coração de tal forma que nos tornamos insensíveis, revoltados e incrivelmente infelizes. Temos medo, arrogância, despropósito. Um género de paralisia que nos destrói por dentro.

Alimenta a tua mente com as melhores leituras e conhecer-te-ás a um nível mais profundo.

Robert Fisher dizia que “não existe luz mais bela do que a luz do autoconhecimento”. Adoro, amo esta frase. Vai mesmo ao centro da questão. O autoconhecimento torna-te sábio de ti mesmo. E quando o és, tudo se transforma. Vives em amor. Vives seguro e confiante. E mesmo que o céu esteja nublado e não consigas ver as estrelas, sabes que te amas.

Vou partilhar contigo um dos livros que me ajudou a resgatar esse amor. É um livro de poucas páginas, mas de uma profundidade tão bela que estou certo que te ajudará a retirar a armadura (vais perceber assim que leias o livro) que tens e que fará com que te entregues genuinamente a ti mesmo.

O Cavaleiro da Armadura Enferrujada de Robert Fisher

 

Ler é um ato de amor que fazes por ti próprio.
Lê. Ama-te!